sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Eu achei um cobertor que me deu tanto amor.

By Tavares 512   Posted at  07:21   Ihqueabuso



O maior problema do inverno conquistense não são as fortes chuvas que deixam as ruas intransitáveis e inundam até a alma sem salvação de vocês. Não, não. É difícil andar a pé enquanto o imbecil dentro do carro está cagando para sua pobreza e rasga o pneu numa poça de lama? É. Mas a gente cresceu se espremendo com o povão sem desodorante no ônibus, então isso a gente tira de letra. Os furacões de vento que obrigam vocês a dançarem frevo involuntariamente com o guarda-chuva também não é nada. Dá para aturar de boa, e a gente ainda faz coreografia. Nós não precisamos de aquecedor, mesmo porque NUNCA VI, NEM COMI, EU SÓ OUÇO FALAR. O cobertor chinil cor de abóbora sempre está lá, e este sim nunca me abandona. 

Na busca dos piores problemas do frio de Conquista, encontrei dois que precisam imediatamente de alguma atitude do governo e da sociedade: os cachorros com agasalho e Djavan no Facebook. Alguém precisa fazer alguma coisa. A gente atura lama no casaco que foi comprado em 10 prestações na Riachuelo. A gente suporta vento na cara e depois ficar o dia todo assoando o nariz com papel higiênico que mais parece lixa. O que não dá para aguentar é a prosa ruim nas redes sociais ou cachorro usando casaco quando a temperatura descer dois graus. Exigimos um pouco mais de respeito. 

Basta as águas de março fechar o verão e começar o outono que é sempre igual e as folhas caem no quintal que não tem erro: a galera mete um agasalho de lã cafona nos cães de elite e colocam os pobres coitados para se exibir na Olívia Flores. É fácil viver a vida sem aquecedor, sem carro e sem dignidade. Mas aguentar as cadelas da sociedade desfilando casacos de onça, de zebra e de padrão escocês, não sou obrigado. Alguém pode arrancar essas roupas caninas pra cobrir as piriguetes que insistem em usar tubinho e minissaia no Festival de Inverno? Brigado. 

No frio, arde o olho ter que ver vocês combinando touca e luva de croché. Sim, eu sei que Gisele Büdchen usou certo dia no aeroporto e que, vira e mexe, Ana Maria Braga aparece assim na Globo. Migos, Gisele pode usar calça corsário com tamanco, tic tac no cabelo e óculos com lentes transitions que ainda será uma diva rica. ELA pode tudo, favor não tentar em casa. E Ana Maria Braga já colocou dois cones de couro no peito para parecer Madonna, então nem vou comentar. Mas a gente releva o croché porque, sei lá, pode ser sua avó que costurou e seria uma desfeita não usar. O que não dá para deixar passar mesmo é “um dia frio um bom lugar pra ler um livro” nas internets todos os dias de chuva no telhado e vento no portão. É para furar o olho de tanta raiva. Djavan já é muito ruim sem vocês fazerem isso. Então, vem cá, e me ajuda a te ajudar, e para com isso. Diquinha de vida, sabe? 

Como eu sou um ser humano do bem, vou dar mais duas dicas importantes para o inverno. Blusa de gola alta para homem saiu de moda desde que Luciano Szafir usou em O Clone. Hoje em dia, só combina se você for podre do dinheiro e se chamar Otávio (melhor nome de rico). E, segundo minhas pesquisas, cachecol está proibido até no frio de menos 10 graus e é a cara do turista brega que visita o Sul. 

Enquanto estou aqui, enrolado no meu chinil abóbora que me deu tanto amor e que nunca deixa o frio tomar conta de mim, deixo vocês com uma imagem que fala mais do que mil palavras. A imagem que mostra o momento exato em que a gente percebe que alguma coisa deu errada na evolução humana.


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