sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Só mais uma selfie pra garantir, Eduardo Campos.

By Tavares 512   Posted at  07:06   Ihqueabuso




Essa semana foi o Dia da Fotografia. Eu já estava preparado para uma avalanche de mensagens cafonas no estilo “Eternizando Momentos” – utilizadas desde a infância do bisavô de Pierre Verger –, quando vi que a internet foi invadida por algo muito pior: as selfies com o caixão do Eduardo Campos. Sim: fotos. Sim: com o caixão do Eduardo Campos. Não: eu também não entendo. Mas parece que as selfies com caixão de gente famosa chegaram pra ficar e são a última moda entre a galera. Existem outras modalidades que têm o mesmo nível de retardamento mental: a selfie #aftersex e a selfie suicida. 

O #aftersex – já fora de moda e quem fizer será considerado brega – era de uma babaquice sem propósito, e consistia em postar uma foto depois de fazer sexo. A pessoa podia, sei lá, fumar um cigarro, pedir um sanduíche imenso (esse cara sou eu!) ou até mesmo continuar o tindolelê, mas não, bem melhor é contar para todos os cantos, encantos e axés que se deu bem naquela noite. Coisa de gente de pau pequeno. 

A selfie suicida já matou gente demais. Em busca de mais curtidas e seguidores, a galera escala morro e ponte de tamanho absurdo na tentativa de postar uma imagem radical, tipo “sou fodão”, “sou natureza”, “sou uma borboleta e posso voar”. #fly #liberdade #aventura Um casal polonês, uma jovem italiana e uma russa morreram dessa forma. Tem os idiotas que vão tirar foto com o veículo em movimento e – PLUFT! PLAFT! ZUM! – morre e não vai a lugar nenhum. E ainda tem o caso mais mongolóide de todos: um jovem mexicano foi tirar uma selfie com uma arma apontada na cabeça para, sei lá, ser legal, ser loucão, ser admirado pelo mundo, e acabou apertando o gatilho. #vidaloka #partiu

“Ah, o problema é a tecnologia”. Não é. A tecnologia é linda e está aí para a gente arrasar com as selfies no elevador fazendo biquinho (tá liberado uma por mês, migos). “Ah, isso é coisa de adolescente otário”. Não, não é. A foto que mais circulou entre as selfies com o caixão de Campos é de uma senhora que podia, sei lá, estar fazendo bolo para os filhos ou ariando a panela de pressão, mas estava no velório procurando o melhor ângulo do defunto sem deixar de escolher o seu melhor lado. O problema é a falta de roupa pra lavar, a falta de bom senso, a falta de dois tabefes na cara e a falta de um amigo querido que pega pelo braço e fala “migo, para pufavozinho, que tá feio”.

Gente, eu imagino que Deus é um cara que tem muito o que fazer: alimentar anjos, organizar chuvas em períodos de seca, aspirar o pó das nuvens, fazer reunião com os santos, derrotar as inimigas satânicas. E agora, depois de uma semana corrida em que ele podia estar, sei lá, saboreando um vinho e botando os papos em dias com Gabriel, Miguel, Rafael, Zuriel e Uziel, ele é obrigado a catalogar mais um tipo de morte – a selfie suicida. E se não bastasse isso, tem ainda que preparar a documentação da galera que anda tirando selfie com caixão para despachar a criatura lá para baixo. No inferno, esse povo vai eternizar momentos. #fogo #queimando #ÇOCORRO

11º mandamento: NÃO TIRARÁS SELFIES COM O SEPULCRO DO PRÓXIMO. #amém 


Ígor Luz Jornalista, cervejeiro e patife. Detesta plástico bolha e crianças que vão no Raul Gil. Só gosta de animais se eles forem de pelúcia. É vulgar sem ser sexy. É genial, mas se acha muito mais genial do que é.








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