quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Patê de Berinjela com Cream Cheese

By Tavares 512   Posted at  07:05   missaogourmet











Ontem, 15 de outubro, foi Dia dos Professores e também aniversário da minha mainha. Coincidentemente ela nasceu no dia do aniversário do meu avô, há 66 anos. A primogênita, o presente. Revelo a idade porque ela não vai saber que tornei público. Não vai ler isso aqui porque não é obrigada e mal sabe segurar um mouse. Também não acredito ser um problema pra ela eu dizê-lo, pois sempre fica toda exibida quando as pessoas dizem que ela aparenta mais jovem. 

Minha professorinha da vida nunca pareceu muito empenhada em me ensinar nada. Digo, pareceu, porque sim, a didática dela é um pouco incomum. Minha mama não é daquela típica italiana que faz drama e braveja discursos e lições. Diz que ama apenas em momentos muito especiais, não pega no colo pra dengar, não contou histórias pra dormir. Nunca me deu chineladas nem cascudos apesar de eu ter merecido. Silenciosamente, delicadamente, intuitivamente, educou sozinha e ama a mim e meus outros dois irmãos do seu jeitinho. 

E foi observando ela cozinhar e sendo nutrido por seu afeto e sua comidinha que aprendi a gostar de ficar no pé do fogão. Também por uma questão de necessidade - por ela trabalhar muito sempre, nos incentivou a nos virar sozinhos. Diálogo típico: “- Mãe, tô com fome. - Caga na mão e come." Mentira. Verdade. Mentira.

Se me perguntarem que ela me ensinou a preparar, não saberei responder de prontidão. Não tenho memória de aulas e passo a passos, nem técnicas, nem receitas, mas seguramente foi com ela que desenvolvi meus dotes culinários e meu paladar. Com ela que aprendi a ter curiosidade de provar sem pudor e frescura qualquer variedade de sabor. Amo jiló, amo quiabo, rabanete, rúcula, cebola crua, provo qualquer legume, verdura, manda buchada, rabada, moela... Traço tudo. 

Diferente de mim, ela não consegue gastar horas na cozinha, primeiro porque não tem paciência mesmo, segundo porque "o botijão de gás não tá durando um mês,menino". Não costuma achar muito coerente investir uma grana a mais em algum ingrediente pois "não vê diferença". Sempre (eu disse sempre) traz do mercado algo que pedi em uma quantidade menor pra economizar. Mal sabe segurar um mouse, mas a senha do cartão do ticket alimentação ela segura com força. 

Como era aniversário dela perguntei o que ela gostaria de comer. Também perguntei o que ela queria ganhar de presente. Não só perguntei como a levei até a loja que ela achou conveniente e não corremos riscos. Ela gosta das coisas muito a seu modo, seguindo os seus critérios, detesta surpresas, é dominadora. Na comemoração dos seus 60 anos, bolamos uma festa surpresa, ela quase colocou os convidados pra fora e pediu pra não inventarmos uma dessa mais nunca. 

Dessa vez também não quis festa, pediu que eu preparasse alguns petiscos caso algum convidado chegasse. Em todo evento aqui em casa nesses moldes ela pede pra que eu faça um patê de berinjela que inventei um dia com o que tinha na geladeira. Todo mundo adora, mesmo quem não curte o legume. 

É super simples. Refogue em azeite, uma cebola, uns dois ou três dentes de alho amassados e uma berinjela cortada em cubinhos bem pequenos. Tempere com sal e pimenta. Refogue bem até que a berinjela fique escura e amoleça um pouco. Retire do fogo e acrescente uma caixa de cream cheese, umas duas colheres de creme de leite e outra de tahine, que é uma pasta de gergelim muito usada na cozinha árabe e que vale a pena ter em casa. Tempere com as ervas que preferir e coloque pra resfriar. Eu costumo usar orégano basicamente. Há quem prefira processar o patê, eu gosto de sentir a textura dos pedaços da berinjela. 


Por ser aniversário da minha mãe, certamente todo mundo imaginou uma receita de preparo complexo e sofisticado. Mas esta é a cara da minha que gosta de comida prática e nada presunçosa.

Dannillo Rocha

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