Amiga, veste aquela “brusinha” do Lojão do 10, mas não customiza abadá. Usa crocs, pochete e boné de aba reta, mas não customiza abadá. Engessa tuas mãos, mas não corta ele em tirinhas, amarra fitas coloridas ou usa apenas 10% dele pra mostrar o biquíni por baixo. A gente não faz mais isso desde o fim da União Soviética e do Bom Xibom Xibombombom. Desde a insituição do Plano Real e do bloco das Muquiranas. Desde que o Sputnik 1 deixou a Terra e a Carla Perez deixou o É o Tchan.
Todos os tipos de partidos, ideologias, cantos, encantos e axé se unem nesta campanha. Vegetarianos, eunucos, mulçumanos, chicleteiros e tias no facebook: customizar abadá é crime. Capitalistas, socialistas, masoquistas, sindicalistas, xiitas e abolicionistas: se beber, não customize. Maçons, indies, parnasianos, elfos e a Sociedade dos Poetas Mortos: eu escolhi não customizar. Reacionários, cristãos, ONG's, skinheads e a União do Vegetal: abadá bom é abadá morto. Até mesmo os eleitores de Dilma e de Aécio estão undidos sob a mesma bandeira: o certo não é esconder a tesoura, mas ensinar a não customizar.
Amiga, guarda esses modelitos nas boas lembranças, junto com a calça corsário, o tamanco de acrílico e o cinto com lacres de latinha de refrigeranete e crochê. Mesmo os looks fashionistas, que fazem o abadá virar um vestido, um colete, uma frente única ou uma tomara que caia. Mesmo os looks criativos, que deixam o abadá com a cara do uniforme do cowboy do Velho Oeste ou do portão da Igreja do Senhor do Bomfim. Mesmo os looks que valorizam o seu corpo, seja em formato de burca ou de forro de sutiã. Supera. Deixa os laços enfeitando as alças da blusa da festa ficarem apenas na fotografia, junto com os laços invisíveis do que havia.
O Leoni agradece. O cara do caramba-cara-cara-ô agradece. A família brasileira agradece. Afinal, customização de abadá não tem graça. Tem cura.
Sâmia Louise