Só existe uma coisa mais brega do que as roupas da Daniela Mercury: o Dezembro.
PELAMOOOOR, a gente não aguenta mais tanta cafonice em só um mês. Dezembro ganhou de Setembro, que é quando as pessoas ressuscitam o Beto Guedes das cinzas para aplaudir a primavera. É o auge das montagens ridículas de Paint com mensagens tão clichês que eu começo a bocejar só em ver a combinação verde com vermelho. E já fomos inundados pelas correntes do nascimento de Jesus. ÇOCORROOOO 100or.
Só existe um cantor mais grudento que o Djavan: a Simone.
Simone, querida, este ano eu quero paz no meu coração e se quiser ser minha amiga CALABOOOCAAAA. Simone no Natal é igual o Paulo Ricardo no BBB: aparece uma vez no ano, mas é o suficiente para fazer sangrar os ouvidos. Tenho mais pena dos funcionários do Shopping do que das criancinhas faminta da África. Várias pessoas lutam pelos gays, negros, pobres, favelados, mas não vi ninguém ainda pensando nos atendentes que são obrigados a dias de BATE O SINO PEQUENINO ininterruptamente na cabeça. É tortura psicológica. ENTÃO É NATAL O QUE VOCÊ FEZ? Coloquei uma fita isolante na boca da Simone.
Só existe uma coisa mais chata que o grupo de família no whatsapp: a reunião de toda a família no Natal.
É ótimo rever todo mundo, trocar presente e comer farofa com passas, arroz com passas, peru com passas, chocolate com passas, mas sempre – SEMPRE – tem o tio do pavê, que a cada ano aparece mais gordo e com a gargalhada estrondosa que vai jogar farinha (com passas) em todo mundo. A piada do tio do pavê até daria para aturar, se ele não fosse casado com a tia do “e as namoradinhas?” e pai do primo caga-regra, casado, de terno e que faz sexo uma vez por semana de meia. Quando chega a tia e fala o quanto você tá grande, bonito, vistoso e... CADÊ A NAMORADAAAA? O sangue ferve e você só queria pegar todas as passas da ceia e enfiá-las goela abaixo, mas você dá o seu sorriso amarelo, toma um gole da cidra cereser que tem uma maçã desenhada no vidro, e sai.
Só existe um ser mais cansado do que palhaço de circo: o Papai Noel.
O cara até tenta ser agradável, mas ficar dentro daquela roupa infernal e com a cara entupida de algodão no verão brasileiro não é fácil. Além disso, há sempre aqueles infernais pirraçando para tirar uma foto, para gritar no pé do ouvido e para dar um abraço (segue uma dica Papai Noel: não passe desodorante). Também tem que sorrir, mesmo quando só aceitou fazer este papel de ridículo porque as contas estão atrasadas e precisa tirar uma graninha neste fim de ano. Mas, vez por outra, aparece um Papai Noel que me representa. AMEI ESTE PAPAI NOEL.
E coloquei este Papai Noel aqui abaixo só para todos os PAPAIS NOEIS cansados e tristes do meu Brasil acreditar que a vida ainda pode ser feliz e te retribuir.
Pode ficar de mau humor neste dezembro. Tá permitido não abraçar o colega de trabalho que odeia na confraternização. Tá liberado gritar que odeia passas e que acha amigo sacana o troço mais prosa ruim da vida. E, quando encher a cara de cidra, e aquela voz irritante chegar perto pra perguntar “CADÊ AS NAMORADINHAS?”, você responde: “NÃO TEM, tia, mas tenho um macho delicioso que posso emprestar pra ver se a senhora tira essa cara de mal comida, feliz natal, beijos, não me liga”.
HO! HO! HO!