O Brasil é um dos maiores celeiros da cultura alternativa mundial, tanto que o maior festival EDM do planeta, o Tomorrowland, nascido na Bélgica, ancora suas raízes por aqui este ano.
Diante de grandes festas e festivais que tive o prazer de tocar e outros de conhecer, destaco hoje minha última trip até o Soulvision Festival. O evento aconteceu do dia 13 a 18 de fevereiro, período do carnaval, no município paulista de Altinópolis, a 370 km da capital, e deixo aqui um pouco desta conexão.
Festival intimista e acolhedor que merece destaque na cena nacional pela sua trajetória, organização, dedicação e respeito para com o publico, coisa que vem sendo de difícil acesso e muito comentado pelas pessoas que frequentam os mesmos.
Este ano o festival tomou proporções maiores, mas tudo muito tranquilo, muito bem localizado em um hotel fazenda colonial da época do auge do café no Brasil, lugar muito arborizado e de um visual único. Para hospedagem, o festival ofereceu a opção de se acampar como primeira e mais acessível alternativa - sendo esta a minha escolha, uma vez que a sintonia com a galera que se aglomera em grupos vindos de todos os cantos do Brasil não tem preço - e, como segunda opção, o festival ofereceu chalés para aqueles que preferem mais conforto e comodidade.
Todos os anos o festival elege um tema e este ano o tema foi “Todas as Raças”, no qual a união era o princípio de tudo. A produção do evento trouxe diretamente da Bahia membros da tribo Pataxó para a abertura do festival. Com um culto a natureza, eles trouxeram boas vibrações e energia positiva para todos, fazendo suas danças e cânticos por toda a redondeza do festival.
Tudo era tão bem elaborado, que até mesmo as filas de até 10 minutos para o banho criadas por cerca de 8 mil pessoas foram tiradas de letra por todos, pois também era possível contar com uma equipe de limpeza que deixava os ambientes sempre muito bem limpos para o uso. Vale ressaltar a educação e alegria das mulheres que efetuavam este labor durante todo o evento, pois em outros festivais que prestigiei ainda não conheci nem um com essa mesma estrutura.
A decoração estava impecável. Muito fluorescente, muitas projeções que deixaram as noites mais belas e flamejantes. Tanto o line up do main floor quanto o do club stage muito bem materializado, bem sintetizado na medida dos horários em que se enquadravam os artistas e seus respectivos estilos musicais. Entre os destaques do primeiro palco e na minha humilde opinião cito Menog, Shotu, Future Frequency, Circuit Breakers, Laughing Buddah, Mack, Obliviant, Headroom. Me encantei com o set da DJ Alanita, que inflamou a pista com um progressive dark envolvente e dançante mostrando que o Brasil tem boas Djs alternativas. Destaque também para o club stage, para o projeto Rolling live, Yan Brauer, Plastic Robots, Fractal System e, claro, o Doozie que vem fazendo uma linha sonora diferente e contagiante. Aqui não poderia deixar de falar do som sexy que a Flávia Wallauer tocou e foi demais.
Falando em sonorização, uma empresa que vem ganhando notoriedade nas festas de música eletrônica é a MSD Soundsystem, empresa que mostrou seus dotes no festival e que deixo meu registro pela fidelidade e qualidade sonora do seu produto.
Registro também a praça de alimentação organizada com muita variedade e muita disposição de todos em atender bem.
O quesito mais comentado do festival foi, sem dúvidas, a segurança. Por conta disso, todos podiam se sentir à vontade. Adorei a iniciativa da organização em coibir o uso de um entorpecente quem vem acabando com a atmosfera e o visual dos nossos eventos: o tal do “Loló”. Parabéns.
Toda a organização reflete em uma sintonia só, em um evento que merece ser recomendado pra você que nunca saiu da zona de conforto. Pessoas de todos os cantos reunidos por um propósito maior que é a música. O Soulvision conseguiu criar uma atmosfera maravilhosa que envolve todos que estão querendo somar e fazer da nossa cena algo melhor sempre. Parabéns novamente pela humildade dos organizadores e pelo carinho com seu público.
ENJOY
