Certa vez ouvi um ditado que dizia: “o bom malandro desconfia de que o outro pode ser mais malandro que ele”. Pois bem, parece que depois do aperto que o Vitória da Conquista passou com o Bahia de Feira, tomou a lição, e aos nove minutos do primeiro tempo já vencia o Colo-colo por 2 a 0, na primeira partida da semifinal do Baianão.
Destaque para o setor esquerdo do ataque alviverde com Mateus Leoni, André Oliveira e Carlinhos usando a velocidade para fazerem o que queriam por ali durante os primeiros 15 minutos do jogo, criando boas chances para o Bode. Depois desses minutos iniciais, o esperto treinador do time ilheense, Duzinho, percebeu o trunfo do Vitória da Conquista e, malandramente (no melhor sentido possível!) aproveitou uma paralisação motivada pelo goleiro Waldson, do Colo-colo, que ficou caído algum tempo, e chamou o time todo para passar algumas orientações.
Pronto, daí pra frente o Colo-colo passou a atuar com o lateral direito, Edvan, e o volante, Leandro, jogando mais avançados pelo lado esquerdo, fazendo com que o lateral esquerdo do Vitória da Conquista, Mateus Leoni, precisasse se preocupar mais em defender, subindo pouco para apoiar o ataque conquistense, o que deixou a saída de bola do Bode bastante lenta.
Sem a velocidade de Leoni, o Vitória da Conquista tentava, sem sucesso, criar jogadas de ataque através de lançamentos aéreos que continuaram até o final do primeiro tempo, sem resultar em gols.
No segundo tempo, logo no início, o treinador do Alviverde, Evandro Guimarães, tirou o volante Fausto (que saiu reclamando, precisando ser consolado pelo preparador físico André Borges) para colocar Erivelton, que devolveu a velocidade que fez o Vitória da Conquista engolir o Colo-colo nos primeiros quinze minutos da primeira etapa. A velocidade da equipe foi recuperada, o que demonstra que o técnico acertou, mas o ataque do Bode já não tinha a mesma compactação do início do jogo, com Carlinhos não acompanhando mais tão de perto o atacante Tatu que já caiu novamente nas graças da torcida, mas, sozinho, não conseguia agredir a zaga do time de Ilhéus.
Percebendo isso (acredito), Evandro Guimarães substituiu o meia André Oliveira e colocou o atacante Cacá que passou a jogar mais próximo de Tatu, facilitando a criação de jogadas. Numa jogada de velocidade, Cacá sofreu pênalti, que motivou a expulsão do goleiro Waldson, e marcou o terceiro (e último) gol do Bode.
Antes do fim do jogo ainda houve confusão envolvendo jogadores dos dois times que resultou na expulsão do lateral esquerdo do Vitória da Conquista, Mateus Leoni, e do atacante Xande, do Colo-colo. Sendo assim, na próxima partida das semifinais, que acontece somente daqui a 13 dias, no dia 19 (domingo), em Ilhéus, o Colo-colo ficará sem o goleiro que foi um dos destaques do jogo do Tigre diante do Vitória, quando o Leão acabou eliminado, e sem o atacante Xande. Já o treinador Evandro Guimarães terá o desfalque de Mateus Leoni que, pra mim, foi um dos destaques do Bode.
Agora o Vitória da Conquista poderá perder por até dois gols de diferença para o Colo-colo, que se classificará para a final do Campeonato Baiano, para a Copa do Nordeste de 2016, para a Copa do Brasil do ano que vem e para a Série D do Campeonato Brasileiro deste ano. Mais uma vez, acho bom os jogadores levarem em consideração o ditado do malandro e verem no adversário um possível malandro ainda maior e mais uma vez se impor e mostrar o porquê de ter sido o time que teve a melhor campanha na primeira fase do Baianão.
Somente a participação do Bode na Copa do Brasil e na Copa do Nordeste do ano que vem irá garantir mais de meio milhão de reais ao Bode. A participação na Série D é a única forma de chegar à Série C, o que firmaria de vez o Vitória da Conquista como terceira força do futebol baiano. Para subir, tem que montar uma boa equipe e isso custa uma boa grana...
Ingressos falsos, fiscalização ineficiente, algumas dúvidas...
No período que antecedeu o jogo do Vitória da Conquista contra o Palmeiras, pela Copa do Brasil deste ano, alguns ingressos falsos foram apreendidos. Momentos antes do jogo deste domingo, mais ingressos falsos foram identificados e teve torcedor sendo barrado com ingresso comprado na bilheteria do estádio Lomanto Junior. Estaria o clube vendendo ingresso falso ou a fiscalização da legitimidade dos ingressos é ineficiente?
Muita gente estranhou a renda revelada pela Federação Bahiana de Futebol (FBF). O pensamento de boa parte das pessoas que foram ao estádio e souberam da renda divulgada era: “ou o estádio Lomanto Junior não comporta o público que a prefeitura diz comportar, ou o público foi maior que aquele que foi divulgado”. Como o estádio Lomanto Junior já recebeu públicos superiores a 12 mil pessoas, de acordo com os borderôs divulgados pela FBF, fica mais lógico cogitar que o número de torcedores era maior que aquele divulgado. Mais algumas dúvidas: a mesma fiscalização que barrou torcedor com ingresso comprado na bilheteria teria deixado passar torcedores com ingressos falsificados ou a estrutura física do estádio Lomanto Junior tem falhas que permitem a entrada de torcedores sem ingresso? Se a falha for na fiscalização, os ingressos são tão fáceis de serem falsificados? E se a FBF resolver utilizar ingressos mais difíceis de serem falsificados, como cartões magnéticos ou ingressos com identificação através de código de barras para leitura óptica, o Lomanto Junior terá estrutura que permite a utilização desses artifícios? Caso o Vitória da Conquista se classifique para a final, a estrutura de fiscalização será a mesma que gerou tantas dúvidas na cabeça do torcedor?
É bom estar atento, há malandros para tudo: para ganhar uma vaga numa final de campeonato, para ganhar dinheiro com ingresso falso, para comprar ingresso falso pagando menos ou sem pegar fila e para outras coisas...
