Dia 02 – Chegamos Rebain!
Como de costume, sempre carrego em viagens um isopor com guloseimas, água, “refri”, entre outras coisas para não ter que parar de jeito nenhum na estrada, o que é um atraso de vida. Junto a esta “bagagem”, carrego sempre latinhas de cerveja para brindar a chegada.
Ao chegar em Belo Horizonte já sou recepcionado, por telefone, pela Renata Monteiro da Link Comunicação Empresarial, perguntando onde e que horas poderia me buscar pra fazer um tour por 03 bares participantes do Festival Botecar, em bairros distintos e com perfis diferentes.
Tratamento VIP. No horário marcado a Renata nos busca com o Haroldo (organizador do Botecar) e começa nossa viagem pela cidade. Viagem mesmo! Uma cidade com mais de 3 milhões de habitantes e o pessoal do Festival Botecar escolheu a dedo os bares que receberiam a visita do Buteco 512.
Enquanto rodávamos a cidade, rolou uma entrevista no carro mesmo, sobre o Festival Botecar, dá só uma olhada:
Buteco 512 – Como surgiu a necessidade de se criar Festival Botecar?
Festival Botecar – Existe na cidade o Comida di Buteco que já está na sua 15° edição e contava com 04 sócios. Por questões de divergência de opiniões houve uma dissolução e o fundador do Comida di Buteco, que era quem fazia o trabalho de campo junto com os bares, criando assim um laço de amizade com os mesmos, anunciou a sua saída. Em reposta, muitos bares se juntaram a ele e criou-se a necessidade deste novo projeto, por acreditar que o anterior estava “grande demais”, que era necessário uma reaproximação com o popular, com o buteco de raiz, com os insumos originais, sem exigir preço máximo, nem ingredientes.
Buteco 512 – Quantos bares na primeira e nesta edição do Botecar?
Festival Botecar – 45 na primeira, sendo que 37 eram do antigo concurso, e 55 nesta segunda edição.
Buteco 512 – A preparação pra um evento com este porte é algo que dá trabalho?
Festival Botecar- Muito. O festival deste ano começou a ser preparado no ano passado. Fotos, receitas, folder... Tudo fica pronto um ano antes.
Buteco 512 – Existem outros concursos na cidade?
Festival Botecar – Muitos. De cachaça, do melhor garçom, de bares (não botecos, bares), de restaurantes. Muitos mesmo.
Buteco 512 – É bom pra um buteco participar? Por que?
Festival Botecar – Movimento. Cria-se a a necessidade de conhecer o buteco inscrito.
Buteco 512 – O que vai diferir o prato de um buteco do outro se o evento não dita qual ingrediente vai ser usado? Qual o limite para se criar o mesmo?
Festival Botecar - A criação não tem limite e nem o preço, mas o bom senso faz com que não passe de R$30,00, uma vez que a maioria dos bares ficam fora da zona sul. E quanto ao critério classificatório do prato, só o sabor mesmo. Ah, tem que ser tira-gosto, nada de refeição.
Buteco 512 – Mas tem um tema,né?
Festival Botecar - Sim! Este ano o tema é homenagem às cidades do interior ou de berço. A criatividade prospera.
Buteco 512 – Percebemos que a escolha da maioria dos botecos foi a carne de porco pra confecção de seu prato, sabe dizer o porquê?
Festival Botecar – Se deu por conta da instabilidade econômica que o pais passa em toda troca de presidente, como não sabiam quem seria o mesmo e qual seria a situação do pais (lembra? O prato é elaborado um ano antes!) a carne mais barata é o porco, além, lógico, do valor cultural.
Buteco 512 – Pretensão de “sair” de BH para outras cidades?
Festival Botecar – Por enquanto não.
Chega de conversa, vamos aos bares.
Bar do Zezé (Festival Botecar)
Pense em um botecão no qual você se sente em casa. Pensou? Este é Bar do Zezé, que ainda guarda um canto a antiga prateleira com insumos da época para mostrar como começou (uma venda) e hoje um buteco bastante badalado.
O dono sentou à mesa com a gente e contou a sua história, suas vitórias nos concursos (tem uma parede com toda sua trajetória), e o porquê do nome do prato, que é uma homenagem a Cascais (cidade Portuguesa), terra de onde veio a sua família.
O Bolinho de Caiscais é um bolinho de arroz com bacalhau, quase um Gomes de Sá compacto (risos), extremamente saboroso, meu amigo Rodrigo Gigante (Buteco 512 honorário), comeu uns 7 e ele não gosta de bacalhau. Fomos apresentados, também, ao jeito mineiro de tomar “cavalinho” (White horse) que é com a garrafa “congelada” e a cachaça Decisão (que eu trouxe algumas poucas e preciosas garrafas).
O Zezé não queria nos deixar ir embora e trouxe o campeão de 2006, o Trumpico Mineiro. Uma cumbuca de feijão em caldo com costela e linguicinha, coberta com couve refogada e pururuca – Deus, era só o primeiro bar.
Com muito custo conseguimos sair do bar do Zezé. Mais bate papo no carro sobre a cidade e suas peculiaridades até chegarmos no nosso próximo endereço.
Bar do Véio (Festival Botecar)
O local é misto de ambiente requintado, uma área com ar-condicionado e mesas de restaurante, e de buteco, com a área aberta, porem coberta, com vista pra rua e mesas na calçada. Fomos recepcionados por um dos 4 clones (risos), os irmãos são "tudo a mesma forma", o Marcelo que foi nos mostrar o ambiente e dizer que o “Véio” só passa lá pra tomar uma com os filhos, que são quem administram o estabelecimento.
O Bar do Véio não só preparou o prato em homenagem a Jaboticatubas, sua terra natal, como organizou, junto com a prefeitura de lá, uma exposição no bar com direito a “guias” , fotos e folders. Tá de parabéns.
O local serve o chopp Becker (top). Enquanto bebíamos e esperávamos o prato, conversávamos sobre a confecção do mesmo e sobre Jaboticatubas, uma cidade realmente encantadora.
O Coçando o Lombo, prato participante do concurso, são filés de lombo de porco enrolados com bacon e cenoura, incorporados ao molho de CANSANÇÃO. Isso mesmo, você não leu errado. E o molho surpreende tanto por ser inusitado quanto pelo sabor. Deixa uma leve “coceira” na garganta e muito saboroso.
Mais viagem pela cidade e o Aroldo foi nos indicando onde poderíamos ir sem eles, tudo foi devidamente anotado..hehe.
Ultima parada:
Bazim Bar (Festival Botecar)
O Bazim é boteco de esquina familiar, o típico boteco sossegado onde você termina o dia pra desestressar. Também fomos super bem recebidos pelos donos, Bazin e D. Betânia que é a cozinheira e Chef do bar.
Em um papo descontraído o Bazin nos disse que por se situar perto de igrejas ele apostou nas pizzas, mas os “irmãos” ainda preferem os seus quitutes. Chega o prato elaborado pra homenagear a cidade de Diamantina, o Diamante (Carne de panela, angu e ora-pro-nóbis).
A carne em cubos quase simétricos, deliciosa, descia muito bem com a cerveja servida no bar, estupidamente gelada, junto com o angu. A curiosidade do prato está no “ora-pro-nóbis”, que lembra muito a “couve-manteiga”, e que significa “rogais por nós”. Diz a lenda que os padres a cultivavam e colhiam rezando em latim, por isso o nome da planta. Fechamos o dia com chave de outro.
De volta para “casa”, nos arrumamos e "partiu rua", afinal, todo mundo espera alguma coisa de uma sábado à noite, mas esse parágrafo nem foi pra falar da boite e das baladas de BH e sim de trailer às 5 da matina que paramos pra comer no:
Delta Buritis
Como disse, essa cidade respira gastronomia e paramos no zoio no estilo laricão da madrugada. Entre yakissobas, sandubas monstros eis que surge o meu omelete pequeno e de quebra um hambúrguer caseiro, “ah, achei que era pequeno!”
A foto fala por mim! Saboroso, mas monstruoso, o que aguçou a minha dúvida:
- Se esse é o pequeno, o grande é como???
Encerramos o 1° dia em Bh com metade de um omelete “pequeno” sem ser comido. (Amanhã tem mais diário de bordo, fique com as fotos!)
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A "VENDA" |
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TOMANDO UMA DECISÃO |
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ZEZÉ, GIGANTE( Buteco 512 honorário), Tavares, Renata e Haroldo |
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A Maneira Mineira de Tomar "Cavalinho" |
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Bar do Veio |
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Expo Jaboticabais |
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Com o Marcelo |
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Com a Chef Betânia e Bazin |